quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Formiga-rainha

Uns versos não valem;
mas vale o verso.

Quando a rainha deixa
o formigueiro para

aventurar-se entre objetos
maiores e pousa sobre

meu corpo ingênua
acredita, quem sabe,

que a salvarei do sopro,
do punho e da morte.

Não sabe que, entre dados,
somos duas faces da mesma

sorte. Dou-lhe um piparote.
E volta, ainda assim, ao ermo

das mãos que lhe nego.
Tem as antenas abertas e

com o abdome e a coroa da
cabeça ensaia uma dança.

As pinças, afiadas sob a carne
de meus dedos, são frágeis.

Talvez chame a cavalaria
das formigas, os aviadores,

a marinha mercante. Talvez
seja um deus, quem sabe.

Talvez sejamos nós,
talvez sejamos nós.

Talvez sejamos nós
mirando outro gigante.

Luis Gustavo

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