quarta-feira, 15 de abril de 2015

Rua Júlio Otoni

Esta noite sonhei que estava na casa da rua Júlio Otoni. A decoração interna e mesmo a tinta nas paredes eram outras. Em torno de uma mesa comprida H. e T. recebiam convidados. Ceiávamos. Quando me percebi entre eles, pedi-lhes desculpa: Não sei bem por que fui embora. Eles riam. E disseram: Já sabíamos. Havia em tudo uma restrição, uma vigilância, uma palavra não dita mas de todos - quem sabe até de mim mesmo - conhecida. No sonho adormeci e sonhei. Cheguei a crer que a passagem na casa de H. e T. fosse apenas um sonho, mas abri os olhos e ainda estava lá. Desta vez, estirado no sofá da sala de meus hospedeiros. Então me chamaram, da biblioteca. E o silêncio, e o medo, e a restrição, e o ambiente de quatro anos atrás se restituíram com tamanha realidade que o sonho, não a suportando, se desfez.

LUIS GUSTAVO