terça-feira, 20 de janeiro de 2015

02h02

Daqui ouço o barulho dos motores. Quem sabe serão os vizinhos. Quem sabe serão os sapos e quem sabe talvez as águas caudalosas de um poço artesiano. Daqui ouço o ronco de um carro na rua. Quem sabe serão meninos. Quem sabe serão os sapos e quem sabe talvez as pernas febris da mulher roçando o corpo de alguém. Daqui ouço a televisão que cai do terraço para espatifar-se no chão. Quem sabe talvez dê a volta no ar. Quem sabe não lhe tenham atirado, não. Quem sabe um tempo volte. Quem sabe os grilos, a malsã saudade, o calor infernal, a chuva no cio, o temporal. Quem sabe.