terça-feira, 2 de junho de 2015

Antes da viagem

Será quem me vêm buscar os anjos
amanhã mesmo?

Que idiomas devo decorar
na última noite de sono
- que sons, que letras, que gestos -
diante da passagem final?

Afinal, todos vamos
jamais acostumados à ideia
e nunca de mãos dadas
todos vamos embora.

Mas que idioma, pergunto
se devo esboçar algo que
pareça um riso
ou devo levar o rosto sério.

Virão graves e em silêncio
ou será o arrebatamento
como estar no pátio escolar
entre o banzo infinito
frio e indiferente
de crianças que nem pensam
no sino final?

Luis Gustavo Cardoso

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