terça-feira, 2 de setembro de 2014

Teus olhos se me encontram descampado

Teus olhos se me encontram descampado,
o peito nu beirando o céu deserto,
cascos quebrados sobre o chão-carvalho,
me querem nunciar destino incerto.

Teus olhos se me quebram como o orvalho,
qual lacrimoso sal, sal que é deserto,
põem-me no campo feito o espantalho
que esperasse a vida, o sopro eterno.

Já sei que tens um olho marejado
e outro seco de sertão, seco e deserto
- pois contra toda sorte o teu olhar é terno -

de mim não sei se águas hai escapado,
de mim sertões não sei melhor desperto,
com tantos sóis não sei como hai inverno.

Luis Gustavo Cardoso

Nenhum comentário:

Postar um comentário