terça-feira, 2 de setembro de 2014

A mão

Depois de tantos esforços, ei-la cansada: a mão.
Contra o branco do papel, carvão.
Contra o braço que lhe deu razão.
Contra o beco que há na boca: não.
Contra toda a natureza, a mão.

Depois de feita a criação.
Do verbo mais concreto.
Da sílaba perfeita destacada da amplidão.
A rima rude.
A rima rude então.

Para dizer à mulher que o amor chegou
os dois dedos da mão
o médio e o anular.

A flor-desolação
desabrochará quando haja umidade
e não sol.

Luis Gustavo Cardoso

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