terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Chuva, capíulo al.

No dia seguinte eu estava com a maior dor de garganta. Que eu já previra, aliás, do outro lado da rua, quando mirava nosso hotel e a água no asfalto. Do céu as nuvens desciam e se juntavam para formar um enorme zepelim de aço. Ouvi dizer que por esta cidade, certa vez, passara um zepelim. Os moradores devem ter se assustado. Jamais precavidos porém premeditados. E jamais julgados porém julgadores, foram julgados. Penso em Geni e logo em você. Seus cabelos que eu confundira, ao som de um rádio, em noite grande. Seus cabelos se misturavam aos cabelos de outras moças. Com o barulho da chuva, ameaçadora, horas depois, eu jurava não saber de que cor eram seus cabelos. Se loiros, se negros. Se trazia nos cabelos e no pescoço condicionador barato. E uma certa fixação pelas unhas, hoje bem feitas; pelos pés, sempre modelados em cera; e pelo branco de seu corpo, louça movente, líquida, densa. Como a chuva que golpeava os carros lá fora.

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