quinta-feira, 24 de setembro de 2015

24 de setembro

E nós viramos. Não sei bem se minério, se bichos, se humanos. Mas viramos. Não sei bem se a face, se o corpo, se do avesso. Viramos. Não sei bem se o copo, se as mágoas, se o rosto. Nós viramos. Não sei bem se humanos, se as mãos, se humanos. Sobre a cama, se de lado. Se a bituca do cigarro. Mas viramos. As gavetas, as estantes, as saudades, as mentiras. Nós viramos. O tempo quando virava nós viramos. A ampulheta, muitas vezes; e outras tantas não viramos. E mentimos. Com a alma pendurada nos cabides nossos corpos nós viramos. Como as almas revoltosas no assoalho vão passando. Viramos a cachaça, o calendário, o ano. Mas a página, não. A página tem verso em branco. E perversos, nós viramos, desviramos. O que há de proibido - tecer no silêncio outro tempo. Nós fizemos. Dois a um. Quantos nós nós nos viramos.

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