- Mamãe, mamãe!
Tem uma borboleta no chão do banheiro. É gigante, mamãe!
- Sei. Escova os
dentes e vai já pra cama.
- Mamãe, mamãe! Eu
mexo nela, mas ela não quer sair. O chão está molhado, acho que alguém pode pisar, empurrei um pouquinho aquele tapetinho
debaixo do chuveiro, ela bateu as asas, mas não quis sair.
- Escova já esses
dentes, menino!
Pedrinho entrou outra
vez no banheiro e, cuidadoso, foi empurrando o tapete de banho em
direção à borboleta, para que ela subisse, afinal. Teve medo: não é que fosse grande, mas tinha um corpo do
tamanho de suas mãozinhas.
O chão estava molhado e era preciso, de algum jeito, tirá-la dali: se o pai ligasse o chuveiro, não a veria e pode muito que pisasse nela.
O chão estava molhado e era preciso, de algum jeito, tirá-la dali: se o pai ligasse o chuveiro, não a veria e pode muito que pisasse nela.
- Ai, mamãezinha!
Ela bate as asas, mas não voa! - gritava do banheiro, de onde
escutava apenas a própria voz.
A borboleta, como se
ouvisse seus apelos, que mais pareciam gemidinhos, colocou as
patinhas, uma atrás da outra, sobre o canto do tapetinho de
plástico. Repousou as asas sobre o corpo e ali ficou.
Maravilhado com a manobra, Pedrinho passou um minuto inteiro olhando a borboleta, em uma quase veneração. De pouco em pouco, curvou o tapetinho de banho, de um jeito que não assustasse a borboleta. Era preciso o quanto antes movê-lo do chão, sem perturbá-la.
Maravilhado com a manobra, Pedrinho passou um minuto inteiro olhando a borboleta, em uma quase veneração. De pouco em pouco, curvou o tapetinho de banho, de um jeito que não assustasse a borboleta. Era preciso o quanto antes movê-lo do chão, sem perturbá-la.
- Já peguei, mamãe.
Está aqui!, disse extasiado, agora quase sussurrando, enquanto saía do
banheiro e entrava na sala. A mãe, porém, continuava a mexer no
celular, indiferente.
Pedrinho foi à janela
da sala: era dali que se via a paisagem mais bonita. E sempre bate um ventinho, pode ser que ela goste, pensou. E agora ela voaria, sem
bater na parede, sem ficar presa aos móveis e coisas da casa.
Enquanto arrumava os braços para fora da janela esperava, serenamente, por algum sinal de vento. Observava a respiração fraca, mas constante, da borboleta: era como a sua.
O vento veio, afinal. - É agora, borboleta, disse.
Enquanto arrumava os braços para fora da janela esperava, serenamente, por algum sinal de vento. Observava a respiração fraca, mas constante, da borboleta: era como a sua.
O vento veio, afinal. - É agora, borboleta, disse.
Com a mãozinha
esquerda segurava o tapetinho. Com a direita, carinhosamente
empurrou o animalzinho para fora do tapete e, sem mais, ela estava solta. Mas o vento calou e a borboleta parou no ar, por um segundo.
E se estatelou no chão como uma pedra.
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