Uns versos não valem;
mas vale o verso.
Quando a rainha deixa
o formigueiro para
aventurar-se entre objetos
maiores e pousa sobre
meu corpo ingênua
acredita, quem sabe,
que a salvarei do sopro,
do punho e da morte.
Não sabe que, entre dados,
somos duas faces da mesma
sorte. Dou-lhe um piparote.
E volta, ainda assim, ao ermo
das mãos que lhe nego.
Tem as antenas abertas e
com o abdome e a coroa da
cabeça ensaia uma dança.
As pinças, afiadas sob a carne
de meus dedos, são frágeis.
Talvez chame a cavalaria
das formigas, os aviadores,
a marinha mercante. Talvez
seja um deus, quem sabe.
Talvez sejamos nós,
talvez sejamos nós.
talvez sejamos nós.
Talvez sejamos nós
mirando outro gigante.
Luis Gustavo
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