E descíamos o recife até a pedra marina. Aquela pedra era um só olho machucado com as batidas do mar, das ondas do mar, de modo de que
olhando de longe se podia ver bem pouco: mas chegando ela dava um buraco de
dois por dois onde cabíamos nós três, e as espumas. Não era preta nem branca,
mas de um cinza tão só. E quem dissesse que a restinga andava por perto,
espiando nossas brincadeiras, de certo não sabia a visão que tínhamos da pedra:
o continente parecia rodar léguas dali, contra o pino do sol detrás da neblina.
Ali onde a maresia é mais densa, o sol quebrava de espessa neblina e quase não
chegava até nós. Eu via os braços dela, as pernas dela, abrigando tudo que era jeito de luz, morando na água. Eternamente.
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