No começo te queria
como a criança quer
a sombra intocável.
Nas vitrines luminosas
tuas vestes dispersas
- saias, sapatos, meias -
denunciavam a solidão
de um manequim sem corpo.
Depois comecei a querer-te
com as mãos, com os dedos...
por acaso rocei teus pés
numa loja da quinta avenida
e um coração batia forte.
Tarso de louça fina
trincada no vinco entre dedos
entre unhas e a imagem pétrea
das falanges.
Mas que ferve é buscar-te
com boca, com língua, com dentes
à procura de espaços ausentes
na cidade onde tudo é desejo.
luis gustavo cardoso
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